This is a Portugese translation of this blog.
À medida que os países em desenvolvimento e desenvolvidos se movem para capturar totalmente os benefícios econômicos e sociais da infraestrutura inclusiva, há uma compreensão crescente do valor das perspectivas e das contribuições das mulheres no planejamento, design e entrega de infraestrutura. No entanto, a lacuna de gênero na mesma permanece. A indústria de infraestrutura continua a atrair e empregar muito menos mulheres do que homens, e mulheres usuárias de infraestrutura ainda enfrentam segurança e outros problemas de uma infraestrutura que não foi projetada para funcionar para todos.
Hoje, o GI Hub compartilha o primeiro de uma série de duas partes direcionadas para mulheres líderes de infraestrutura na América Latina. As sete mulheres entrevistadas nesta série compartilham como elas começaram e progrediram em suas carreiras em infraestrutura e os sucessos e desafios que encontraram ao longo do caminho.
O GI Hub empenha-se em destacar os papéis das mulheres no desenvolvimento de infraestrutura e incentivar uma maior inclusão de gênero em toda a indústria — em sintonia com a agenda do G20 de inclusão social como um componente integral da infraestrutura de qualidade. O G20 há muito tempo já reconheceu os benefícios que advêm quando diversos grupos de usuários de infraestrutura são consultados para criar uma infraestrutura que funcione e quando há diversidade entre as pessoas responsáveis pela entrega da infraestrutura.
As mulheres que apresentamos hoje são exemplos de inclusão, talento, habilidade e inovação. Suas histórias ajudam a esclarecer o que a indústria alcançou e o que ainda precisa ser feito.
Loreto Silva, Sócia do Bofill Escobar Silva Abogados, Chile
O trabalho de Silva como sócia do escritório de advocacia Bofill Escobar Silva Abogados tem como foco a resolução de litígios nos setores de mineração e recursos naturais. Ela tem vasta experiência em legislação regulatória no desenvolvimento de infraestrutura.
Ela conseguiu seu primeiro emprego, na Câmara de Construção do Chile, como advogada, não porque ela tivesse interesse em infraestrutura. Aos 25 anos conheceu o futuro Ministro das Obras Públicas, que a trouxe para o Ministério. "Nunca sonhei em estar no desenvolvimento de infraestrutura. Mas descobri que era boa nesse meio", diz ela.
Em 2010, foi nomeada Vice-Ministra de Obras Públicas, a primeira mulher a ocupar este cargo. Apenas dois anos depois, ela se tornou Ministra de Obras Públicas, tornando-se novamente a primeira (e até agora, única) mulher no cargo. Como Ministra, ela liderou e supervisionou a Estratégia Nacional de Recursos Hídricos, com o objetivo de melhorar a gestão e a distribuição de água. Como resultado de seu trabalho, o Chile é o único país da América Latina em que 100% das áreas urbanas têm água potável e coleta e tratamento de esgoto.
Sobre esse projeto, ela diz: "Ver a mudança que ele trouxe às pessoas é muito gratificante. Você não imagina o aspecto de mudança de vida quando sua fonte de água muda de um rio distante para um cano que entra em sua casa."
Manuela Lopez, Presidente da SBASE, Argentina
Em Buenos Aires, Argentina, Manuela Lopez é atualmente presidente da SBASE, a autoridade do sistema de metrô da cidade, encarregada pelo prefeito de reestabelecer o número de passageiros que caiu para apenas 5% dos níveis pré-COVID-19. Suas credenciais de transporte são sólidas. Primeiramente, ela ajudou a expandir a rede de ônibus de trânsito rápido em Buenos Aries e então passo a trabalhar para o governo nacional como Secretária de Trabalho dos Transportes no Ministério dos Transportes.
Lopez é uma economista treinada que descobriu sua paixão pelo desenvolvimento de infraestrutura aos 29 anos, durante um curso de planejamento urbano de 12 meses no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. "Ele abriu meus olhos para novas ideias e culturas. E passei a apreciar o desenvolvimento de infraestrutura — o transporte em particular."
Ela sempre quis trabalhar no setor público, para ajudar a mudar a vida das pessoas. E o setor de transporte dá a ela a oportunidade de fazê-lo. "Nas discussões, sempre pergunto o que podemos fazer para ajudar," diz ela. “Vejo tudo de uma forma mais ampla e adaptada à realidade. O principal objetivo é melhorar a vida das pessoas. A infraestrutura é um meio de fazer isso, não o fim em si mesmo."
Embora o setor de transporte seja dominado por homens, Lopez nunca deixou que isso a atrapalhasse. Ela também não se vê como alguém especial. "Eu estive em uma reunião recentemente e uma mulher mais jovem expressou admiração pelo que eu fiz. Fiquei chocada. Achei que ninguém se importava ou percebeu!"
Gabriela Engler, Co-Diretora da Divisão de Parcerias do Estado de São Paulo, Brasil
A equipe de Engler formula e supervisiona as parcerias público-privadas (PPPs) para o Estado de São Paulo, em todos os setores de infraestrutura.
Depois de se formar na Columbia Law School (NY), Engler passou a supervisionar dezenas de projetos importantes. Um destaque foi o Panorama de Piracicaba, com custo de US$ 2,5 bilhões, ela é a maior obra rodoviária já realizada no Brasil.
Ela diz:" Durante as reuniões, 90% do tempo sou a única mulher presente e acho que preciso me comunicar de forma diferente. Ser mais assertiva, mais direta. Um pouco durona." Ela aprendeu a agir dessa forma quando entrou pela primeira vez na indústria, com quase 30 anos, aprendendo a ser mais assertiva do que em sua vida fora do trabalho.
Embora seu comportamento adaptado tenha trazido o respeito da maioria dos homens mais velhos que ela encontra em sua função, isso tem sido um desafio em seu local de trabalho. "A cada avaliação de pessoal, recebo as mesmas críticas. Sou muito assertiva", diz ela. "Mas não entendo a razão disso ser negativo. Precisamos ser assertivas. Se eu fosse um homem, nem valeria a pena comentar".
Laura Botero, Diretora da Gestão de Portfólio da FDN, Colômbia
Botero passou 18 anos no desenvolvimento de infraestrutura e é Diretora da Gestão de Portfólio no FDN (Banco de Desenvolvimento estatal da Colômbia). Atualmente, ela supervisiona 12 projetos no Programa Nacional de Concessão de Estradas de Quarta Geração (4G). E ela, como as outras, inicialmente não buscou trabalhar em desenvolvimento de infraestrutura.
Iniciando sua carreira aos 20 anos, em um banco comercial, ela então foi trabalhar para uma organização de caridade chamada Os Salesianos de Dom Bosco, a qual construía escolas em áreas remotas do país. Com a tarefa de garantir fundos para construir escolas, ela se envolveu com organizações de ajuda global. Este trabalho formou a base de sua carreira de desenvolvimento de infraestrutura, ensinando-lhe a arte da negociação, o sucesso de uma abordagem holística e a alegria de melhorar a vida das pessoas.
Em 2014, Botero foi para o ramo consultivo da FDN. Um de seus primeiros projetos foi a dragagem de dois canais que levam ao porto de Cartagena para permitir navios de contêineres maiores. Ela liderou uma equipe de três mulheres, concluindo, antes do prazo, um projeto de PPP de US$ 500 milhões. "Só nós três, todas mulheres", diz ela. "Aquilo não era o normal."
Durante o trabalho de três anos, a equipe encontrou todos os desafios de infraestrutura imagináveis em um projeto. "Eu não sabia nada sobre dragagem. E tenho medo de água! Mas em retrospectiva, foi um dos momentos mais gratificantes da minha vida. Difícil, sim, e um desafio constante, mas conseguimos!"
Fique ligado na próxima série sobre mulheres latino-americanas em infraestrutura, que estão liderando o desenvolvimento de infraestrutura e mudando vidas para melhor. Para receber a postagem diretamente em sua caixa de entrada, inscreva-se aqui.